Vida de atacante em time grande não éfácil. Se for revelado na base, é mais complicado ainda. É preciso mostrar serviço imediato para que as chances apareçam. Que diga Vinícius, que chegou ao Palmeiras em 2001 e ainda luta para se consolidar na equipe e ganhar a confiança do exigente torcedor alviverde. Aos 19 anos, o garoto espera ter iniciado no último domingo, com o gol marcado no clássico contra o Corinthians, a trilhar o caminho de sucesso na equipe.
– Não tem nada melhor para um jogador que marcar gol em clássico contra um grande rival. Isso te enche de confiança, te dá moral para buscar mais. Espero que possa ser apenas o início de tudo que sempre sonhei – afirmou o jogador, que conversou com a reportagem do PALMEIRAS ITALIA em sua residência, no bairro de Perdizes, Zona Oeste da capital.
Vinícius é diferente da grande maioria dos garotos da sua idade. Com o salário que ganha no Verdão seria perfeitamente possível se virar longe de casa. Mas isso nem passa pela cabeça do jovem atacante. Mimado, o garoto diz que ainda falta muito para deixar de lado o carinho dos pais, Nalva e Noel.
– Imagina, nem penso nisso. Tenho tudo do bom e do melhor. A comida da minha mãe é maravilhosa. Tenho um relacionamento maravilhoso com os dois, eles são a razão da minha vida. Ainda tem muito tempo para que isso mude – afirmou, rindo.
A mãe, coruja, concorda com o filho e não quer se alongar no papo quando o assunto é ver Vinicius longe de casa.
– Ele pode ficar aqui o tempo que quiser, pode sair só quando fizer 30 anos (risos). Ele é um menino de ouro. Mãe que é mãe cuida mesmo do filho, né? Procuro sempre cozinhar o que ele gosta. Não tenho absolutamente nada a reclamar dele – ressaltou Nalva, que lembra a festa que fez na hora em que o filho marcou o gol.
– Eu fico muito nervosa e, por isso, não vejo os jogos, apenas escuto. Só que, na hora do gol, estava no telefone falando com um parente distante. Quando percebemos que o Vinícius havia marcado, foi uma loucura. Gritamos, choramos, pulamos. Depois, o telefone de casa não parou. Ficará marcado na memória.
O pai, que vestia uma camisa do Verdão com o nome do filho durante a entrevista, foi o grande responsável por Vinícius ter se tornado um jogador de futebol. Quando chegava da escola, o garoto ficava batendo bola na rua de casa até que seu Noel, apesar da desconfiança dos amigos e familiares, resolveu levar o garoto para fazer testes.
– Muitas pessoas chamaram meu pai de louco. Quando chegava da escola, ficava jogando bola e empinando pipa. Comecei no futebol para não fazer coisa errada nas ruas. Tinha um campinho perto de casa, mas como era frequentado por um pessoal barra pesada, minha mãe não deixava ir até lá. Só aos finais de semana que era liberado para que a gente jogasse na quadra da igreja. Para mim, era como se fosse o Pacaembu – disse.
A trajetória de Vinicius no futebol começou cedo e passou até por um rival. Aos sete anos, o atacante foi aprovado no Corinthians, onde permaneceu por dois anos até ser dispensado. Aos nove, foi para o Guapira, mas o bom desempenho em uma decisão de um campeonato contra a Lusa, quando marcou o gol do título, levou o atacante ao Canindé. Foi a última parada do jovem antes de começar sua carreira no Palmeiras
Já no Verdão, garoto de 17 anos e revelado nas categorias de base foi promovido ao time de cima que, na época, era comandado por Antônio Carlos Zago. Mas foi com Luiz Felipe Scolari que o jogador acredita ter evoluído bastante.
Confesso que muito do que sei hoje foi por causa de tudo que eles (Felipão e Murtosa) fizeram"
Vinicius
– Agradeço a todos os treinadores com que trabalhei. Mas o Felipão teve cuidado comigo. Ele primeiro ajudou demais na renovação do meu contrato. Na época teve muita polêmica, fizemos mais de 30 reuniões e na última, com a presença, dele, acertamos tudo em seis minutos. O Murtosa pegava demais no meu pé. Eram treinos de finalização, passe, cabeceio, cruzamento. Mas confesso que muito do que sei hoje foi por causa de tudo que eles fizeram. Hoje sou muito feliz e gosto muito de trabalhar com o professor Gilson Kleina, que é um grande técnica e uma pessoa da mais alta qualidade – elogiou.
No ano passado, Vinícius renovou contrato com o Palmeiras até 2017 após receber ofertas de clubes da Espanha e da Itália. Com tempo para se firmar na equipe, o atacante confia na sua evolução e também na do Verdão na atual temporada.
– Mostramos no clássico contra o Corinthians que poderíamos até ter vencido. A equipe foi guerreira, lutou o tempo todo. Pude ajudar e marcar um gol que certamente vai ficar marcado na minha carreira. Vamos melhorar a cada jogo. O professor Kleina está conseguindo montar uma família lá dentro. Os reforços que acabaram de chegar estão se dando muito bem, parece que estão no clube há tempos. Temos de continuar com a mesma humildade que podemos ir longe – disse o jogador, que tem em Maikon Leite, Patrick Vieira e Valdivia os seus melhores amigos no clube.
Apesar da empolgação natural, o garoto mantém os pés no chão. E para se desligar da pressão do futebol, Vinicius coleciona instrumentos musicais e, fã de pagode e samba, até arrisca no cavaquinho.
– Sou um cara feliz porque faço o que gosto. No início do ano, quando o Narciso disse que precisava de mim na Copinha, não pensei duas vezes. Pude ajudar, marquei gols, ganhei ritmo e hoje as coisas estão dando certo no profissional. Não tenho porque mudar.
O pai, Noel, chamado de louco no passado, hoje curte o bom momento do filho no Palmeiras e já vê Vinícius com outra camisa no futuro.
– Sonhar não custa nada. Espero que um dia ainda possa ver meu filho com a camisa da seleção brasileira. Seria algo maravilhoso – finalizou.
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